Se eu pudesse novamente viver a minha vida,
na próxima trataria de cometer mais erros.
Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, seria
mais tolo do que tenho sido.
Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério.
Seria menos higiênico. Correria mais riscos,
viajaria mais, contemplaria mais entardeceres,
subiria mais montanhas, nadaria mais rios.
Iria a mais lugares onde nunca fui, tomaria mais
sorvetes e menos lentilha, teria mais problemas
reais e menos problemas imaginários.
Eu fui uma dessas pessoas que viveu sensata
e profundamente cada minuto de sua vida;
claro que tive momentos de alegria.
Mas se eu pudesse voltar a viver trataria somente
de ter bons momentos.
Porque se não sabem, disso é feita a vida, só de momentos;
não percam o agora.
Eu era um daqueles que nunca ia a parte alguma sem um
termômetro, uma bolsa de água quente, um guarda-chuva
e um pára-quedas e, se voltasse a viver, viajaria mais leve.
Se eu pudesse voltar a viver, começaria a andar descalço no
começo da primavera e continuaria assim até o fim do outono.
Daria mais voltas na minha rua, contemplaria mais amanheceres
e brincaria com mais crianças, se tivesse outra vez uma vida
pela frente.
Mas, já viram, tenho 85 anos e estou morrendo...
sexta-feira, 3 de abril de 2009
"Instantes"
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3 comentários:
Esta Crônica é de um autor desconhecido. Originalmente em espanhol. Houve época em que anunciou-se que Jorge Luís Borges seria o Autor, mas aparentemente isto foi desmentido.
Muito bom! Já tinha recebido esta crônica via email (pps), foi muito bom relembrá-la.
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