Imensa formação de
brancas cruzes,
Desfile mortuário de
fantasmas,
Exótico mercado de
miasmas,
Exposição de ossadas
e de urzes...
Calado e mudo
queda-se o canhão,
Apenas trevas cobrem
a amplidão,
Que outrora foi um
campo de batalha...
Calada e muda
queda-se a metralha.
É morta na garganta a
voz do obus,
O sabre traiçoeiro
não reluz
Dilacerando,
ensanguentando a terra...
A paz voltou, é
terminada a guerra.
Os heróis tombaram
das alturas,
Os covardes e os
bravos olvidados,
Seus feitos aos
livros relegados,
Nada mais resta,
apenas sepulturas.
E eu? Quem sou?
Perguntam eu quem
sou?
Pois bem, eu lhes
direi: sou um soldado,
Igual a qualquer
outro que avançou, combateu, foi derrubado.
Cruzes iguais...
Terrivelmente
iguais...
Exército que cresce
mais e mais,
No festim diabólico
da morte.
Aqui jaz o covarde.
Ali o forte.
Aqui dorme um
estranho. Ali estou eu...
Mas ninguém sabe como
ele morreu...
Não se lembram do
campo de batalha,
Nunca ouviram o riso
da metralha...
Não sentiram tremer o
corpo inteiro
Ante o rugido brutal
de um morteiro...
Não viram a cor dos
olhos do inimigo.
Não sentiram o medo
do perigo,
Que vos faz desejar a
morte breve.
Nunca sonharam.
Nunca, nem de leve.
Mas... Nem todos se
esqueceram do soldado
Que está longe, bem
longe sepultado...
Mamãe, minha boa mãe,
se tu soubesses
Que tua imagem
adornei com flores,
Que tuas flores foram
minhas preces,
Preces colhidas no
jardim das dores...
Minha querida mãe, se
te contasse
O medo que senti sem
teu carinho,
Um medo horrível de
morrer sozinho.
Medo mesmo que o medo
me matasse...
Mas deixei meu abrigo
e avancei
Julgando ver a morte
a cada passo
Ao ouvir o sibilar de
um estilhaço...
Parei... Pensei em
ti... Continuei...
Minha querida mãe se
te dissesse
Que quando
derrubou-me uma granada
Atirando-me na terra
enlameada,
Foi por ti que chamei
desesperado.
Por um momento deixei
de ser soldado
E fui novamente uma
criança
Sentindo na morte a
esperança
De ainda adormecer no
teu regaço.
Mamãe. Matou-me um
estilhaço...
Minha querida noiva,
por que choras?
Relembras por certo
as boas horas
Que passamos juntos.
Só nós dois...
Íamos casar.
Lembra-te?
E depois... E depois
uma casa retirada.
Cortinas nas janelas
enfeitadas,
Tu me esperando... eu
vindo do quartel...
A nossa casa um
pequenino céu,
Aberto a vinda de um
herdeiro...
Meu sonho, meu sonho
derradeiro,
Foi de beijar-te
antes de morrer.
Mas ao golpe frio da
granada,
Beijei apenas a terra
ensangüentada.
Mamãe, minha noiva,
aqui se encerra
Uma história de
sangue, esta é a Guerra.
Não chorem. Tudo é
terminado
Rápido como coisa de
soldado...
Mas mamãe...
Se novamente a pobre
humanidade
Mais uma vez em busca
da verdade
Rufar seus tambores
sobre a Terra
Anunciando mais
sangue e outra guerra,
Se outro filho a
Pátria te exigir,
Sem lágrimas mamãe,
deixe-o ir...
Embora te destrua o
coração,
Ainda que te alquebre
a agonia
Por favor mamãe,
Peça a esse irmão,
Para que seja também
de
INFANTARIA !!!!
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