The Shadow Hunter

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Keep it Simple

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Competição vs. Inovação.

Como o ambiente cultural limita a capacidade de uma equipe como um todo produzir inovação.

O ambiente cultural estimula as pessoas a individualmente produzir valor de invovação quando cria um sistema de recompensas baseado neste fundamento. As pessoas naturalmente desejam sucesso em suas carreiras, por isso é natural que busquem produzir isoladamente mais e melhor que os demais colegas de trabalho. O outro, o colega é a referência para esta pessoa. Se ele produz mais valor que ela, ele está na frente dela na competição por prêmios e promoções.

A empresa ganha com isso por estimular os empregados a produzir o máximo possível de seus potenciais individuais. No entanto, este mesmo estímulo limita o potencial da equipe como um todo para o mesmo fim. A equipe possui um estatus diferente quando atua com sinergia sistêmica. Uma cominidade de prática e inovação funciona como um organismo vivo e é capaz de gerar diversas vezes mais valor do que a soma de cada um dos talentos individuais que a compõem.

Se uma pessoa precisa que as demais em seu grupo estejam abaixo dela para se destacar, é natural que ela se posicione de maneira a evitar ao máximo compartilhar seus recursos. Em outras palavras, ela vai tentar no mínimo maximizar o uso de seus recursos a favor de si mesma apenas, aos olhos dos medidores e avaliadores. Ela não vai se envolver em algo que não apareça para os medidores. Não é necessário descrever possibilidades até piores do que estas, as quais involveriam críticas, sabotagens, má fé e inúmeros outros conflitos improdutivos.

Não vejo "Sucesso no negócio do cliente" sendo expresso nos valores corporativos desta pessoa. No entanto, observei que este é o perfil que é escolhido para avançar mais rapidamente na carreira em muitas empresas. Pessoa assim, dentro de um grupo que tenta formar um módulo de comunidade de prática acaba contribuindo negativamente, pois ela tentará abafar e sabotar qualquer idéia que não leve o seu nome na capa. Por outro lado, é comum também que ela tente produzir coisas sem consultar o conhecimento do grupo como um todo. Muitas vezes ela produz ditas "inovações" que no fundo não passam de reinvenções da roda. Por vezes, ela consegu até mesmo vender esta "renovação" como novidade. A gerência não tem condições de avaliar propriamente e acaba premiando o indivíduo. Isto leva os demais à sensação de injustiça, ou pior, de inadequação.

O que acaba acontecendo é que uma primeira pessoa na equipe consegue criar um objeto de valor inovativo e ser promovida. As demais pessoas tendem a reproduzir em seguida aquele mesmo tipo de produto.

Ao meu ver, o caminho deve ser trilhado sob o que está inscrito nos valores corporativos de empresas como a IBM, onde trabalho. Esta não é o que seus valores descrevem hoje, mas valores corporativos estão lá para comunicar ao mundo quem a organização, o grupo, a nação pretende estar sempre a se tornar. A competição de cunho meritocrático deve ser baseada na capacidade da pessoa ser a melhor possível de si mesma. Os gerentes devem avaliar o desenvolvimento desta pessoa e julgar sua competência pela solidez e intensidade de sua curva de evolução. O mero dia-a-dia é um desenvolver-se para se ter condições de assumir papéis cada vez mais desafiadores. Assim, este desenvolvimento naturalmente cria pessoas com aptidão para preencherem as vagas de status superior, ou seja, aptidão para serem promovidas.

A comunidade de prática não só é uma maneira de produzir valor para a corporação de maneira estratégica, mas é um exemplo real de colaboração. Para que de fato funcione, seus indivíduoes tem de seguir determinados princípios que podem ser percebidos como uma expressão clara de valores como IBM ou da identidade de um indivíduo. Um exemplo seria prestar atenção ao outro e tentar compreender seu anseios e necessidades. Externamente isto é percebido de imediato como uma postura servil e humilde. Isto logo de início garante um favorecimento ao clima organizacional. A médio e longo prazos, o resultado se desenvolve no estabelecimento de relações sólidas de confiança e responsabilidade. Quando um ser humano se compromete com uma meta e vive o momento de seu alcance, ele experimenta o sentimento de satisfação. Se estar motivado tem a ver com ir em direção a algo que produz este sentimento, acredito que a meta de servir ao outro e aprender como melhor atender suas necessidades seja uma tarefa extremamente empolgante.

Nenhum ser humano detém todo o conhecimento. Ao focar no sucesso da outra pessoa e ela, simplesmente focar no seu sucesso de volta, ambos são continuamente auxiliados em suas respectivas eficácias e treinados pela simples condição implicada. Um aprende com o outro. Um zela pelo outro. Se o sucesso é o fim, a pessoa deve obter recursos para alcançá-lo. O recurso mais significativo sempre é aquilo que se aprende, pois não pode ser tirado. Neste sentido, se um foca no sucesso do outro, este um se treina a perceber como fazer com que o outro aprenda mais e melhor, e daquilo que fará maior diferença para ele. Se este um tem sucesso em "provocar sucesso", ele detém as competências para compreender como fazer isso. Logo, ele pode compartilhar. Se o outro, então, recebe este conhecimento, então o um é quem tem o sucesso provocado no ciclo seguinte.

Esta espiral é uma tentativa de descrever o que acontece no tempo, reduzindo-se o que está em defasagem de longo prazo para o momento atual. De forma figurada, transformando o que hoje se vê como semente em um ser atualizado.

Se aprendizado, domínio de conhecimentos e criatividade produtiva tem algo a ver com inovação, creio que a comunidade de prática tem condições de fazer a toda a diferença para o outro, para si mesma, para o cliente e para o mundo.

5 comentários:

Unknown disse...

Qualquer comparação que fazemos com o outro é injusta, porque cada ser humanao carrega consigo bagagens diferentes como: experiência de vida, de trabalho, relacionamento, oportunidades e etc. O único parâmetro justo é nos compararmos a nós mesmos e buscar ser a cada dia, melhor do que somos, com o único intuito de nos aprimorarmos e crescermos. Isso com certeza deveria ser também o método adotado pelas corporações para avaliar o desempenho de seus funcionários. Fazer a diferença é necessário, mas a que custo?

Se o indivíduo fosse gratificado por se superar e estar sempre sendo inovador no que diz respeito as próprias competências e não ser gartificado por superar outros, (como disse antes só pode ser superado por ele mesmo devido as diferenças de condições) ajudadria a diminuir a competitividade desleal, aumentar a colaboração, e formar equipes mais coesas, facilitando assim o crescimento do grupo como um todo. Desfazendo a sensação de que "eu tenho que ser melhor do que o meu colega de trabalho" e trazendo a perspectiva de que tenho apenas que me melhorar,criar novas competencias e que essa melhoria seja também algo que venha a somar com sua equipe de trabalho e alavancar o grupo como um todo.
Estamos inseridos numa cultura onde só se progride sendo melhor que o outro, onde uma idéia inovadora só tem que atingir um único propósito, a auto promoção, mesmo que essa não implique em nenhuma melhoria real p a empresa ou equipe em que se trabalha. Essa cultura acaba sendo reforçada pelas premiações que são dadas através desses mesmos métodos avaliativos, seguindo uma cultura de valore que a muito já deveriria ter sido ultrapassada!

Someone disse...

Interessante, concordo com a danielle.Assim se cria um ciclo vicioso em que todo mundo quer inovar pq eh o unico jeito de ser notado na empresa. Eh claro que inovacao eh importante, mas ha varias outras formas de fazer um otimo trabalho.E nessa busca por moby dick (inovacao), varios capitaes ahabs acabam perdendo chances diferentes de fazer a diferenca.

Casa dos Reis disse...

Eu acredito que nós fazemos o mundo em que vivemos. Creio que é imprescindível se compreender que apesar de até ser necessério se comportar em concordãncia as regras explícitas e tácitas de uma corporação, não se deve crer que aquela regra é a verdade, o caminho certo e justo. Na prática, as empresas erram mais do que acertam no campo das relações humanas. Isso deve ser menos motivo para revolta do que para compreensão.

Uma empresa define suas regras molda sua cultura em função das pressões de seu ambiente competitivo. Por esta razão existe estudo de estrtégia em Administração de empresas. Ela não tem um interesse direto nas pessoas que trabalham para ela. Seu interesse é menos em tratar seu trabalhador como um cliente com necessidades não atendidas que reduzir o impacto do "turn-over" na perda de capital intelectual e nas projeções de desenvolvimento de competências essenciais para o mercado em função da visão.

Eu acredito que minha relação com qualquer empresa que trabalho não é pessoal, mas sim aquela a qual tenho com as pessoas que trabalham comigo lá. Eu tenho liberdade de escolher e escolho lidar com os colegas de trabalho como se eles fossem "clientes com necessidades não atendidas".

No início, faço uma "promoção" distribuindo "brindes" de boa fé e boa vontade. Como meu capital para investir nesse "marketing" é infinito, pois sou um ser humano e não preciso pagar salário para mim mesmo ao me empregar, eu continuo "distribuindo brindes" indefinidamente até que minha competência de atender as necessidades dos clientes seja excelente ao ponto deles ficarem constantemente maravilhados. Aos poucos, sem que eu precise exigir, pedir ou sequer mencionar, eles começam a entrar nesse meu "mercado", fazendo trocas da mesma "comodity" não só em retorno para comigo, mas entre eles mesmos.

Assim que esta "economia" está estabelecida, meu trabalho se tornará parte do mundo, não sendo mais parte de mim. Neste momento eu o esqueço e vou fazer outra coisa mais divertida e definitivamente menos produtiva.

Unknown disse...

Pense nisso...

Avançando um pouco nessa idéia para além do simplesmente pessoal.

As equipes de trabalho de uma grande empresa passam a evoluir da forma como foi descrito: cada indivíduo tentando sempre tirar o melhor de si e dos companheiros de equipe.
Por que não cada equipe se relacionando dessa forma com as outras? Dessa forma a empresa consegue tirar o melhor de todos os seus processos.
Já que essa é a cultura dentro da grande empresa, ela passa a se relacionar com as outras empresas a sua volta da mesma maneira, observando e guiando para que todas possam desempenhar da melhor forma.

Indo pela outra ponta:
O trabalho influencia de forma determinante o modo de ser do indivíduo. Esse traz essas novas características para a sua vida pessoal. Agora ele olha a sua volta e tenta realmente fazer com que cada um seja o melhor de si, não só no trabalho mas em todo lugar.
Diferenças são reduzidas. Não se mede sua própria satisfação de forma relativa, mas sim absoluta. O esforço não é para ser melhor, é para ser bom.

As empresas passam a trabalhar para suprir as necessidadEs da sociedade.
A sociedade muda efetivamente para melhor.

O pensamento é utópico, mas pode-se pensar nos impactos que alterações de pensamento como a proposta trazem para o mundo. É a partir da iniciativa de cada um pelo coletivo que realmente melhoramos como espécie.


A sociedade efetivamente muda.

Anônimo disse...

Se focarmos em nos aprimorar profissionalmente e trazer com isso benefícios para empresa, encontramos inovação. Não só em ferramentas, mas inovação de idéias, inovação de métodos, de procedimentos, nos renovamos a cada dia, porque estamos felizes em investir na nossa carreira e no nosso crescimento pessoal. Sendo assim, o inovar é feito quase que automaticamente. Quando isso passa a ser um incentivo extremamente valorizado, as pessoas começam a não buscar isso como um acréscimo, mas sim como uma obrigação. Daí entra a competição. Competição por quem inova mais, ou é considerado o mais inovador... nem sempre levando em conta se de fato aquela idéia vai trazer ou não benefícios inovadores para a empresa ou a si mesmo. Competição sempre irá existir.. mas, inovar com vontade e por gosto, com alegria.. isso hoje em dia está ficando difícil no meio de trabalho em geral.. Abraços